A economia circular é um conceito que busca fechar os ciclos, diminuindo a necessidade de extração de recursos naturais, pois valoriza e projeta os materiais de forma a mantê-los em uso pelo maior tempo possível, minimizando o desperdício, geração de resíduos e emissões de gases de efeito estufa.
Por isso, tem sido reconhecida como um modelo rentável, restaurador e regenerativo, que deve ser adotado pelas empresas e sociedade que desejam caminhar em direção ao desenvolvimento sustentável, pautado na inovação e tecnologia. Mas, afinal, o que isso significa? Para compreender a economia circular, é necessário contextualizar os três principais pilares que que englobam seus princípios, pois são a melhor maneira de solidificar a essência desse conceito.
O primeiro pilar é a eliminação de resíduos e poluição. Enquanto na economia linear a lógica é extrair – produzir – usar e descartar, a economia circular, em contrapartida, considera o ciclo de vida dos produtos, evitando o desperdício.
Assim, o reúso, recondicionamento, compartilhamento, reparo e reciclagem são essenciais para valorizar os materiais e estender a sua vida útil. Isso é especialmente importante para transformar o planejamento econômico e os modos de produção na sociedade, reduzindo a vulnerabilidade dos modelos de negócio dependentes de materiais virgens. A inovação desempenha um papel essencial para a implementação desse conceito, pois, para transformar o modelo linear em circular, é necessário novas formas de pensar e fazer.
O segundo pilar é baseado na renovação, de forma que a circularidade esteja presente na criação dos produtos, conceito chamado de Ecodesign. Dessa maneira, o ciclo de vida é prolongado, buscando fechar o circuito. Alguns aspectos como a produção oriunda de fontes renováveis, mecanismos de substituição de peças e a reciclabilidade são essenciais, esta última para que, quando os materiais não podem ser renovados, tenham seus componentes reintroduzidos na esteira produtiva, gerando novos produtos. Para essa etapa, as novas tecnologias serão fundamentais para promover soluções para materiais que ainda possuem baixa capacidade de reciclagem, por exemplo.
O terceiro pilar baseia-se na regeneração, e o melhor exemplo é a própria natureza, pois nela não há desperdícios. Para compreender este princípio, é necessário evidenciar que os recursos são finitos e que a abordagem sobre a lógica de produção precisa ser transformada, otimizando o uso da matéria prima, produtos, energia e água para diminuir o desperdício.
A regeneração ambiental também é crucial para enfrentar a crise climática, tendo em vista que cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa estão atreladas ao manejo e a utilização dos materiais, segundo o Circularity Gap Report 2021. Além disso, a preservação da biodiversidade também é um importante fator a ser analisado, pois, segundo a Ellen Macarthur Foundation, cerca de 90% da perda de biodiversidade ocorre em virtude da extração e processamento da matéria-prima. A regeneração é essencial para transformar a ótica sobre o meio ambiente, trazendo à luz o fato de que o crescimento econômico deve ser dissociado do esgotamento dos recursos.
A tecnologia como ferramenta essencial para a economia circular
#PraTodosVerem: mãos de uma mulher segurando uma caneta e um tablet em meio a um espaço composto por plantas.
As tecnologias digitais, como a Internet das Coisas (IoT) e o blockchain são cruciais, pois fornecem transparência, eficiência e rastreabilidade para promover a segurança dos dados.
Por se tratar de uma tecnologia que conecta os dispositivos à internet, a IoT proporciona o rastreio do ciclo produtivo, desde o estoque até a qualidade do produto que será entregue ao consumidor, possibilitando a otimização dos recursos e diminuição da geração de resíduos. Ao utilizar essa inteligência de dados, os processos de gestão de rotas e aplicação de sensores que detectam a necessidade de reparabilidade dos equipamentos também podem ser aplicados para que vida útil dos equipamentos seja estendida e o desperdício evitado.
O blockchain também permite o monitoramento de dados de maneira segura, para que sejam coletadas informações essenciais sobre as etapas da cadeia de suprimentos, como os componentes dos materiais, permitindo obter informações sobre a sustentabilidade e durabilidade dos produtos. O processo de transporte, armazenamento e destinação final também podem ser evidenciados, possibilitando que a inovação e a visão sistêmica sejam aplicadas. Juntas, essas tecnologias podem impulsionar a economia circular e a sustentabilidade.
Economia colaborativa
#PraTodosVerem: grupo de pessoas em volta de uma mesa com itens sendo retirados de uma caixa e entregues a uma vendedora.
Na economia circular, outro conceito muito representativo no contexto globalizado e que contribui para a transformação do consumidor que se torna cada vez mais consciente sobre o seu impacto ambiental, é a economia colaborativa. Algumas plataformas digitais para o compartilhamento de produtos e serviços promovem o consumo consciente, minimizando a produção excessiva, ao passo que também diminuem o desperdício e a necessidade de extração e transporte de matérias-primas.
Toda essa relação evidencia o direcionamento da sociedade e do consumidor. O fomento de tecnologias digitais também tem contribuído para conectar e redesenhar o perfil do consumidor, que se torna mais crítico e convicto em suas escolhas diárias, priorizando adquirir produtos que adotem práticas sustentáveis e de regeneração ambiental. Sendo assim, falar em economia circular, não é só uma tendência futura, mas uma realidade presente, que exigirá proatividade e conhecimento para que possa ser incorporada, de fato, no modelo de desenvolvimento da sociedade. E você, já ouviu sobre este conceito? Sente que suas escolhas diárias são pautadas na sustentabilidade e circularidade adotadas pelas empresas ao confeccionar os produtos?
