Design inclusivo na prática: transformando tecnologia em acessibilidade universal

15 de fevereiro de 2024

Séculos atrás, todas as roupas cabiam melhor nas pessoas, sabe por quê? Porque elas eram feitas no alfaiate, nas medidas exatas do cliente. Aí, por volta de 1850, vieram as lojas de departamento com a regra do P, M, G e, no máximo, o GG. Resultado: a coisa até funcionou, mas quase sempre sem proporcionar aquele caimento que faz toda a diferença.

No mês da jornada Conectando Inclusão e Segurança Digital, trouxemos o exemplo acima para lembrar que algumas profissões impõem enorme responsabilidade. Caso dos designers, profissionais cada vez mais cobrados pelo desenvolvimento de produtos com design inclusivo para tratar cada ser humano como único.

Quem segue a carreira precisa criar experiências para além do belo, com funcionalidade – inovações precisam ser fáceis de usar. Nesse cenário, não dá para a gente pular um tema intrinsecamente colado no de hoje: a acessibilidade universal.

Vamos entender!

O que é acessibilidade universal?

#PraTodosVerem: fotografia de um banheiro equipado com recursos que atendem todas as necessidades de cadeirantes.

A acessibilidade universal refere-se à prática de criar produtos, ambientes, serviços e tecnologias que podem ser utilizados e acessados por todas as pessoas, independentemente de suas habilidades, características físicas, idade ou condições temporárias. O conceito busca eliminar barreiras e promover a inclusão, garantindo que todos possam participar plenamente na sociedade, seja no âmbito físico ou digital.

Sua ideia central é projetar inovações para a diversidade humana para que não seja necessário fazer adaptações específicas para atender a diferentes grupos. Isso vai além do atendimento às necessidades das pessoas com deficiência, engloba a consideração de uma ampla gama de habilidades e características individuais.

No final, junto ao design inclusivo, a estratégia não está em agradar a “gregos e troianos”, já que até as diferenças culturais influenciam as características que agradam ou não, que comunicam ou não, que produzem uma relação afetiva ou não. É aí onde o foco da abordagem está em atender “gregos e troianos”, afinal, os seres humanos são constituídos de restrições e habilidades em qualquer lugar do mundo, sendo a ideia fazer com que uns e outros utilizem um produto sem nenhuma dificuldade.

Em resumo: é sobre dar autonomia e levar dignidade para que usuários, sem distinção, possam desfrutar plenamente de produtos, serviços e ambientes, tornando a internet, inclusive, mais segura.

7 princípios do design inclusivo no mundo digital

O design inclusivo segue alguns preceitos básicos e fundamentais para promover a inclusão e garantir que a diversidade humana seja considerada desde o início do processo de design.

Confira os principais:

  1. Proporcionar experiências equivalentes

Garantir interfaces que ofereçam uma experiência compatível a todas as pessoas, focando nas tarefas realizadas sem prejudicar o entendimento do conteúdo. Exemplos:

. Fornecer textos alternativos;

. Descrições, audiodescrições ou língua de sinais;

. Legendas sincronizadas com o áudio ou vídeo personalizáveis, para que os usuários possam mudar as cores ou o posicionamento;

. Notificações que também apareçam para quem utiliza, por exemplo, leitor de telas.

A equivalência sempre deverá transmitir a mesma essência do conteúdo original.

  • Considerar cenários

Pensar nas diversas situações em que a interface pode ser usada, garantindo uma experiência equivalente independentemente das circunstâncias.

Estar atento aos contrastes em diferentes ambientes para garantir conforto na navegação de pessoas que enxergam bem ou não é um exemplo desse preceito.

  • Ter consistência

Utilizar ações familiares nas interfaces e fluxos para tornar a usabilidade fácil e adequada, utilizando padrões de design consistentes, como:

. Uso de modelos já conhecidos e difundidos para auxiliar na compreensão;

. Utilização de linguagem simples sem perder a consistência do que se quer informar ou da ação que deverá ser executada pelo usuário;

. Arquitetura de página que auxilie as pessoas a navegarem pelo conteúdo principal tendo o menor esforço cognitivo.

  • Oferecer controle

Garantir que o usuário tenha controle sobre a interface, tornando ações básicas claras e de fácil acesso para suas necessidades. Para tanto é necessário:

. Oferecer controle de rolagem, já que o “scroll infinito” pode ser um problema, principalmente para usuários que utilizam o teclado. Se a opção do produto digital for essa, recomenda-se dar a escolha para que as pessoas possam desativar o recurso, ou inserir um botão de “carregar mais”;

. Dar a possibilidade de parar animações ou efeitos que podem causar náuseas ou até mesmo afetar uma pessoa que tenha uma deficiência cognitiva;

. Permitir o zoom mesmo se houver alguma quebra no design.

  • Deixar o usuário escolher

Garantir flexibilidade na execução das ações para que cada pessoa utilize e interaja de forma adequada e intuitiva, preferindo:

. Oferecer várias formas de concluir uma ação e diferentes layouts de visualização (se o conteúdo for muito longo, vale optar por oferecer em forma de grade ou lista).

  • Priorizar o conteúdo

Organizar o conteúdo de forma clara, simples e que sirva de apoio para as funções, tarefas, recursos e informações necessárias, buscando:

. Manter foco na tarefa, exibindo recursos e conteúdos progressivamente quando necessário, não de uma só vez;

. Ordenações de conteúdos semelhantes organizadas para que apareçam em seguida, não antes ou durante a leitura de um artigo principal;

. Uso de links, cabeçalhos e botões com linguagem simples, que possam colaborar para a navegação de falantes não nativos – isso também facilita a tradução, se houver necessidade.

  • Agregue valor

Acione todas as áreas de desenvolvimento do produto para que, juntas, possam pensar no design inclusivo. Para isso:

. Use interfaces de voz para controle multimídia, procurar conteúdo, ouvir música ou assistir a um vídeo;

. Aprimore a funcionalidade do produto digital usando os recursos da própria plataforma. Uma API de vibração, por exemplo, torna notificações mais utilizáveis por pessoas surdas e com deficiência auditiva;

.Entregue um botão do tipo “exibir senha” em campos de digitação para facilitar a verificação dos dados inseridos.

#PraTodosVerem: fotografia colorida da sala de estar de um casa moderna. Em destaque, a imagem de uma cadeira-elevadora automática projetada para transportar pessoas com limitações de mobilidade para o andar superior da residência.

Você, que chegou até aqui, percebeu que o design inclusivo é capaz de facilitar até a vida das pessoas sem deficiência, não é mesmo?

Agora, conte para a gente, nos comentários: quais recursos você considera mais importantes para tornar a sua navegação mais fluida, hein?

Fonte: Dialogando - Design inclusivo na prática: transformando tecnologia em acessibilidade universal Dialogando

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