Há muito tempo a garrafa pet virou abrigo de plantas, e a lata de achocolatado, casa de lápis e canetas.
As caixas de papelão ganharam formas de brinquedos que podem até ter vida útil com menor prazo de validade, mas divertem de montão a garotada antes de chegarem nas lixeiras. Tudo isso porque nem tudo é tecnologia quando a pauta é a manutenção da biodiversidade do planeta.
Colocar os materiais reciclados a serviço da criatividade também ganhou um novo nome: arte sustentável. E há artistas bombando nesse segmento que, além de alegrar nosso olhar, ainda diminui o volume de resíduos sólidos gerados pela atividade humana na Terra.
Conheça 5 artistas importantes nesse eixo, agora!
O pioneirismo da arte sustentável de Krajsberg
O enfoque artístico não é de hoje. Surgiu no final dos anos 60 para abranger uma perspectiva histórica da natureza junto ao ativismo ambiental.
Ao contrário da linha clássica, a arte sustentável converte o meio ambiente na própria obra, visando conscientizar sobre os danos que causamos ao planeta e nos chamar para a ação.
Além dos materiais reciclados, ela pode utilizar recursos do próprio meio ambiente tais como terra, pedras, folhas ou ramos para suas criações.
Um dos precursores desse movimento no país foi Frans Krajcberg, polônes radicado no Brasil. O artista plástico desembarcou por aqui em 1948, após viver toda a barbaridade do holocausto promovido pela Alemanha nazista em seu país. Por sorte, as formas da nossa natureza acabaram lhe servindo de refúgio para aliviar as dores das perdas dramáticas.
Há relatos de que Krajcberg morou alguns anos em uma caverna no Pico da Cata Branca, no interior de Minas Gerais, onde produziu centenas de gravuras em pedra. Mais tarde, dividiu um ateliê no Rio de Janeiro com o escultor Franz Weissmann e realizou viagens constantes à Amazônia e ao Pantanal Matogrossense, fotografando e documentando os desmatamentos.
Na década de 70, já no Sul da Bahia, ganhou projeção internacional com suas esculturas em madeira calcinada, época em que viveu cercado de artistas seletos como Chico Buarque, Dorival Caymmi e o arquiteto Oscar Niemeyer.
Krajcberg faleceu em 2017, aos 96 anos, no Rio de Janeiro.
A arte sustentável de Vick Muniz
Um dos maiores expoentes da arte sustentável brasileira nasceu em São Paulo, em 1960. Museus de Los Angeles, Londres, Paris, Madri, Tóquio, Moscou, São Paulo, Minas Gerais e muitos outros contam com acervos com obras do artista, que ganhou enorme projeção após o lançamento de Lixo Extraordinário, documentário que retrata dois anos de seu trabalho no maior aterro sanitário do mundo, no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Acima, você confere a obra Daydreamer, da série Passione de 2010, de Vik Muniz, que contou com cerca de 4,5 toneladas de materiais reutilizáveis.
Os materiais recicláveis no olhar de Jaime Prades
Nascido na Espanha de 1958, Jaime Prades vive e trabalha em São Paulo desde 1975, quando foi radicado no Brasil. Tem os olhos atentos para os materiais abandonados e sujos largados nas ruas que, em suas mãos, viram peças de artes com fortes críticas aos limites entre os espaços públicos e privados, o abandono e a descaracterização das comunidades.
O aquário morto de Eduardo Srur
Com exposições presentes nos cinco continentes, o paulistano Eduardo Srur se iniciou na pintura mas se destacou na arte sustentável, com intervenções urbanas desenvolvidas em espaços públicos, chamando a atenção para as questões ambientais e o cotidiano nas metrópoles.
Abaixo, você confere a intervenção Aquário Morto, no maior aquário da América do Sul, localizado na praia da Enseada, no Guarujá, litoral paulista.
De um lado, o artista manteve as espécies marinhas como tartarugas, peixes e moluscos. Do outro, o tanque recebeu dezenas de objetos de lixo sólido recolhido nas praias da região. A instalação impactou bastante o público espontâneo que passeava por lá.
A delicadeza da fauna de Sayaka Kajita
A japonesa Sayaka Kajita também revira os lixos para criar esculturas belíssimas com materiais reciclados, com destaque para a representação do mundo animal, rica em leveza e cores feita com brinquedos, peças de metal, utensílios de cozinha e outros objetos.
Fiel às crenças xintoístas japonesas, a artista acredita que todos os objetos e organismos possuem espíritos. Ao longo da infância, seus pais lhe diziam que os objetos descartados antes do tempo choravam durante a noite nas lixeiras, fato que marcou sua carreira desde cedo.
Incrível, não é mesmo?
Por aqui, a gente aprova tanto essa estética que temos nossa própria logo feita com material reciclável. Veja só!
Agora que você já entendeu que a arte sustentável pode ser usada tanto para decorar quanto para sensibilizar a sociedade para reflexões importantes sobre o meio ambiente, conte para a gente, nos comentários, com qual desses artistas você mais se identificou!
Agora que você já entendeu que a arte sustentável pode ser usada tanto para decorar quanto para sensibilizar a sociedade para reflexões importantes sobre o meio ambiente, conte para a gente, nos comentários, com qual desses artistas você mais se identificou!