A tecnologia no cinema

11 de novembro de 2016

Houve um tempo – menos de trinta anos atrás, acredite – que se você quisesse assistir a um filme específico, tinha que ir ao cinema. Se perdesse a chance, o remédio era esperar mais ou menos um ano até passar em algum canal de televisão. E torcer para que você pudesse estar em casa naquele dia e hora. De repente, não mais que de repente, o mundo mudou: TV a cabo, videocassete (como?), DVD, home theater, tevês de dezenas de polegadas, digital, HD, streaming pela internet… tudo para você não sair de casa. As salas de cinema acabaram? Não, sofreram o baque, mas estão vindo com tudo para fazer de um filme não só uma experiência visual, mas amplamente sensorial. O 3D foi só o começo de uma transformação. O chamado cinema 4D e a realidade aumentada prometem fazer daquele filminho com pipoca em casa o mesmo que assistir em preto e branco num aparelho de televisão de 14 polegadas (sim, eles já foram menores que seu monitor).

Mas espera aí. Se você gosta um pouco de física, sabe que quatro dimensões não existem, pelo menos no mundo em que vivemos. Tudo é largura, altura e comprimento (ou profundidade). Um cubo, para simplificar. Mas que cinema é esse de quatro dimensões que faz algo que está apenas numa das teorias de Einstein? Puro marketing. Na verdade, o 4D é um cinema em 3D – a profundidade que faz com as coisas da tela plana se movam em sua direção – com recursos sensoriais além da visão e da audição – olfato, tato e até paladar. Trocando em miúdos, você vai ao cinema, e sua cadeira se mexe, sente o cheiro do café na tela, o frio da neve e a água que espirra do carro que derrapa na chuva. Na tela, os raios da tempestade se espalham pela sala de projeção e você sente o vento batendo no seu rosto ao entrar na sala.

Um filme não é mais um filme e fica ainda sensorial com a realidade aumentada – uma tecnologia capaz de misturar a realidade com efeitos gráficos – de sons a cheiros – que fazem uma imagem real parecer de fato mais espetacular do que ela é. Em outras palavras, é como se alguém desenhasse em cima da vida real. As aplicações são variadas, de games a fazer compras no supermercado, com funcionários virtuais que só aparecem para você quando precisa de algo ou sua lista de compras flutuando do seu lado enquanto enche o carrinho. Em um game, você pode literalmente se sentir como um avatar, sentindo-se na pele do personagem que quiser.

No cinema é diferente. E enquanto o 4D já conta com algumas centenas de salas em algumas partes do mundo, a realidade aumentada ainda é ficção científica – e das boas. É pura realidade virtual, com aplicações e ideias das mais variadas. Melhor dar um exemplo. Imagine-se com um par de óculos especial (talvez uma lente de contato) entrando no cinema. Enquanto anda em direção ao seu assento, o ambiente vai se transformando no cenário do filme. É uma praia e você sente a brisa. Caminha na areia e sente os pés afundarem no solo fofo. Toca um coqueiro e sente a aspereza do tronco em suas mãos. E, claro, como a realidade é aumentada, as outras pessoas que vão assistir ao filme estão lá, do seu lado e você as vê enrolando a barra da calça, por exemplo, para não molhar. E aí aparece um personagem do filme chamando vocês para saírem de lá porque uma tempestade está a caminho.

É por aí. Esse é um projeto real que está sendo desenvolvido por quatro alunos da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Mas há vários outros. Os principais estúdios de Hollywood têm investido nessa tecnologia e se preparando para criar filmes que possam unir a ficção à realidade – e aumentá-la. “A realidade aumentada pode ser usada em todas as coisas do dia a dia”, afirma Danny Kaye, vice-presidente mundial da área de pesquisas da Fox. Pode não parecer à primeira vista, mas o sucesso do Pokemon Go mostra as perspectivas de sucesso. “A realidade aumentada pode levar o universo do cinema para o mundo real”, prevê Bem Grossmann, Oscar de efeitos especiais pelo filme A invenção de Hugo Cabret. “É o que o Pokemon Go já faz”, acrescenta. E apenas com a tela do celular. Já pensou em ver um Pokemon do seu lado na rua? Ou talvez a Angelina Jolie sem o Brad Pitt? Ou o Brad sem a Angelina? E poder tocá-los? Não? Hollywood já.

Fonte: Dialogando - A tecnologia no cinema Dialogando

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