FOPO: do medo de postar nas redes sociais à síndrome do pânico e a depressão

8 de setembro de 2023

Há pessoas que não postam nada nas redes sociais, já reparou? Não falamos nem de perfis fakes. Falamos daqueles em que a foto real do usuário está lá, ele até interage, curte postagens de seus amigos e ídolos, só não posta nada mesmo.

Se perfis com essas características te geram algum estranhamento, saiba que, muitas vezes, essas pessoas nem sabem, mas podem sofrer do chamado FOPO ou, Fear of Other People’s Opinion que, na tradução, significa: medo da opinião dos outros. Entenda: não postar nada nas redes sociais não quer dizer exatamente que você sofre dessa síndrome moderna.

Mas, você já sentiu isso? Pensou duas ou três vezes antes de publicar uma foto, opinião ou reflexão?

Se sim, fez bem. Na verdade, é sempre bom se precaver e refletir se aquele post vai incomodar ou ofender alguém, e se o conteúdo pode expor sua vida pessoal para além da conta.

O que é preciso avaliar é se por trás de seu comportamento você não está, na verdade, movido pelo FOPO, porque, se você estiver, vamos falar agora sobre isso!

FOPO: as origens do medo de postar nas redes sociais

#PraTodosVerem: imagem de 3 telas de celular com interfaces de aplicativos de redes sociais.

Não há uma única pessoa no mundo que curta o sentimento de ser punida e essa máxima é bem mais antiga que a era pós BBB 21, quando a edição dramática popularizou o termo “cultura do cancelamento” com a passagem polêmica da cantora Karol Conka, no reality show.

(Saiba mais sobre a cultura do cancelamento no podcast!)

Segundo especialistas, os registros de FOPO são muito anteriores à edição, especialmente porque as pessoas que não postam nada nas redes sociais quase sempre são movidas pelo medo da opinião alheia e outros bloqueios como:

. Medo de julgamento: antes da era digital, o medo do julgamento aparecia com mais frequência em quem tinha receio e dificuldade de falar em público. Na era digital, o medo de ser julgado por um conteúdo acaba minando várias oportunidades. Pessoas deixam de ouvir o ponto de vista de profissionais com excelentes histórias e informações valiosas que poderiam ser compartilhadas, agregando conhecimento à vida de milhares de conexões, por exemplo.

. Perfeccionismo: até hoje a gente não sabe se é qualidade ou defeito, mas o que sabemos é que quase sempre a palavra perfeccionismo é mencionada como “ponto forte” ou “a rever” nas entrevistas de emprego, não é verdade? O problema é que a perfeição não existe, nem tem data para existir, e a busca pela excelência tem sabotado muita gente, que deixa de postar por sempre acreditar que falta algum ajuste para fazer na arte, legenda ou foto da publicação.

. Falta de ideias: o autoboicote também parte quase sempre da velha mania que muita gente tem de não acreditar em si mesmo. Nesse cenário, pessoas que não postam nada nas redes sociais muitas vezes acreditam que não têm nada a dizer, ou seja, mais um erro, afinal, somos especialistas em tudo o que mais curtimos ver, ler ou fazer. Nesse cenário, só não tem o que dizer ou postar na internet uma pessoa por qualquer motivo inviabilizada de fazer um post sem precisar de ajuda.

Perceba que os três fatores listados acima podem acontecer com qualquer pessoa, ao longo do processo de desenvolvimento do próprio conteúdo nas redes – inclusive com os usuários mais confiantes e até influenciadores digitais. Mas queremos chamar a atenção para um outro nível de medo, muito comum após a era da chamada cultura do cancelamento, afinal, dependendo do nível criado, esse medo pode ter impactos diretos em nossa própria relação com a sociedade, no todo.

Quem sofre de FOPO também costuma apresentar alguns comportamentos listados abaixo:

  • Deixa de postar porque acredita que suas publicações não vão gerar interesse
  • Esconde suas habilidades por trás de outros profissionais por insegurança
  • Evite falar “não” mesmo quando tem convicção sobre algo ou não quer fazer alguma coisa

Do medo de postar nas redes sociais até a síndrome do pânico

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma mulher sentada no chão de um ambiente doméstico, com as duas mãos no rosto, nitidamente aflita.

As pessoas que não postam nada nas redes sociais, em resposta a um comportamento que diz respeito ao medo exacerbado que se transforma em fobias como o FOPO, estão expostas à manifestação de outros tantos distúrbios como, por exemplo, a síndrome do pânico. Nesse cenário, o público feminino acaba sendo a maior vítima.

De acordo com a National Comorbidity Survey (NCS), núcleo norte-americano de estudos sobre transtornos psiquiátricos dos Estados Unidos, 71% das pessoas com síndrome do pânico são mulheres e apenas 29%, homens.

Dentre os maiores problemas gerados pela patologia está o afastamento social, porque a sensação desses ataques costuma ser tão forte que suas vítimas passam a evitar espaços públicos por receio da reação das pessoas, se isolando gradativamente do contato com a sociedade.

A partir do momento em que se sentir inibido de produzir conteúdo gera medo de postar, a situação pode desencadear outros problemas de saúde mental gerados por sintomas, como tristeza, angústia, desespero, ansiedade, mudanças no ciclo do sono, impactos alimentares e até mesmo a depressão.

No fundo é tudo sobre a…

Fobia social. Sabia que há uma série de fobias assombrando a sociedade por aí, mas uma delas – segundo o Grupo de Fobia Social do Programa de Transtornos de Ansiedade do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – é justamente a chamada fobia social, que atinge cerca de 26 milhões de pessoas no Brasil?

O número é bastante alto, se comparado à média mundial que é de 7%, enquanto a brasileira é de 26%.

No todo, as pessoas que não postam nada nas redes sociais, na verdade, somam-se a um grupo em que a fobia social pode até se manifestar de formas diferentes, mas acaba sempre colocando em xeque a relação com as pessoas ao seu redor, já que o fóbico tem medo dos julgamentos alheios e, por isso, não consegue postar.

Ou seja, o receio de não saber o que dizer ou fazer, as motiva a fugir de situações sociais, porque um simples post ou interação no ambiente de trabalho ou na balada as deixam desconfortáveis e inseguras. Daí o isolamento.

Saúde mental em pauta

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma jovem, com as duas mãos unidas, em pé, meditando.

A orientação de especialistas para casos em que o medo gera o afastamento das pessoas é sempre a de procurar apoio médico, já disponível de forma gratuita em muitos municípios do país. Se for o seu caso ou o de alguém que você conheça, não hesite: busque o acompanhamento terapêutico, sabe por quê?

Porque o que você pensa e o compartilhamento de coisas que você gosta pode fazer o bem para muitas pessoas, mesmo que por mero entretenimento. Mas você precisa acreditar nisso.

Você é fanático por séries ou filmes? Que tal compartilhar resenhas e suas opiniões em grupos de pessoas nas redes que também curtem esses nichos?

Gosta muito de som, de cozinhar, lavar ou passar? Há milhões de pessoas que também gostam e que vão curtir suas dicas. E, se por ventura alguém não curtir, ótimo! Nunca, em nenhum lugar do planeta, vamos agradar todas as pessoas, e tudo bem, porque essa pode ser a chance de você fazer uma nova amizade, não é mesmo?

Se você se amarra em trabalho e na sua própria profissão, a gente tem certeza que você tem muito a compartilhar com suas próprias experiências e novas descobertas no seu setor lá no Linkedin, por exemplo! O pessoal menos experiente, na certa, vai amar!

Para encerrar, deixamos algumas frases, abaixo, e te convidamos a fazer uma reflexão:

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar” – William Shakespeare.

“Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo” –  Mark Twain.

Prepare-se porque o FOPO, bem como outras fobias, tem tratamento, e as redes sociais já esperam sua próxima publicação lá no feed, ok?

Se o medo de postar nas redes sociais representar um incômodo para você, não hesite, busque ajude profissional.

Aproveite e entenda, nesse link, algumas maneiras de pensar estrategicamente seu calendário de postagens nas redes sociais. Vale para quem quer ser influencer e para quem só quer se divertir mesmo!

Fonte: Dialogando - FOPO: do medo de postar nas redes sociais à síndrome do pânico e a depressão Dialogando

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