Campanhas no combate à violência contra mulheres

19 de janeiro de 2017

Aplicativos e programas disponíveis para smartphones e computadores estão ocupando um espaço importante na linha de frente do combate à violência de gênero. Eles ajudam a denunciar e repercutir casos de violência contra mulheres que vêm repetidamente chocando o mundo, graças a ação amplificadora da imprensa e de organizações civis.

A violência de gênero é muito mais do que ataques físicos e estupro. Ela envolve violência patrimonial, sexual, física, moral e psicológica, como discrimina a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), considerada pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência de gênero.

O ambiente doméstico lidera as estatísticas desse tipo de violência, mas viagens, trabalho e até atividades triviais como andar na rua servem de palco para agressões. Atenção redobrada e medo são duas das reações que mulheres podem ter ao circular sozinhas, e não é à toa: 48% dos assédios são verbais e acontecem de dia em sua maioria, conforme dados da campanha #ChegadeFiuFiu.

Vale a pena ressaltar ainda outro número: 55% das mulheres relataram já terem sido assediadas na rua, sendo que assovios e cantadas de cunho sexual lideram as ocorrências, conforme revela a pesquisa da organização internacional ActionAid.

A internet, as redes sociais e os aplicativos têm se provado um local de refúgio e, ao mesmo tempo, uma ferramenta de resistência que ultrapassa o mundo virtual e ajuda muitas mulheres a conquistar espaço na rua. A facilidade de encontrar alguém que já passou pelas mesmas experiências e a liberdade de manter o anonimato favorecem o senso de pertencimento e de segurança essenciais ao processo de empoderamento.

Campanhas e aplicativos no combate à violência contra mulheres

As soluções propostas por essas tecnologias são bem práticas: aplicativos de colaboração como o Assédio Zero, desenvolvido pela Microsoft,  permitem mapear as regiões urbanas com maior incidência de violência contra mulheres.

Ele permite marcar a exata localização do assédio e classificá-lo como físico ou verbal. Todas as denúncias são completamente anônimas, ficam registradas e geram um mapa de calor indicando os lugares mais violentos.

Outra iniciativa parecida é o Sai Pra Lá, idealizado por Catharina Doria que, aos 16 anos de idade, se indignou com a prática comum de cantadas na rua e resolveu criar essa iniciativa não só para dar voz para as mulheres mas também para comprovar as ocorrências e colaborar com as estratégias de intervenção de autoridades.

A hora de pegar um táxi também pode ser uma situação de vulnerabilidade para mulheres. Os relatos de assédio são inúmeros. Essa realidade está por trás de aplicativos como o Femitáxi, um serviço de transporte feito por mulheres para mulheres. Além de dar mais espaços para as motoristas profissionais, mercado dominado por homens, o Femitáxi oferece uma corrida mais segura para as usuárias.

Existem soluções para as mulheres que viajam sozinhas, como a Womam Trip, uma plataforma que conecta o público feminino em uma comunidade de mais de 900 milhões de perfis. Lá é possível trocar informações e dicas com pessoas que já foram ou moram no destino desejado, combinar possíveis passeios em conjunto ou até garantir uma estadia rápida.

Grupos no Facebook também são lugares de encontro e troca de serviços. O Couchsurfing das Minas reúne mais de 27 mil mulheres interessadas em troca de hospedagem. Ele é um movimento de hospitalidade com viajantes, oferecendo acomodações de graça.

A ideia é valorizar a oportunidade de conhecer novas pessoas e ter uma experiência autêntica e mais segurança, mantendo a exclusividade para o público feminino e pessoas trans.

A atuação nas redes sociais vai além da formação de grupos de discussão e ganham visibilidade via campanhas organizadas e viralizadas na internet. Em reação ao assassinato de duas moças que faziam intercâmbio no Equador, a hashtag #viajosola tomou conta das redes sociais em 2015, relatando inúmeros abusos ocorridos com mulheres que viajavam sozinhas.

No Brasil, esse fenômeno ocorreu com frequência nos últimos anos: hashtags como #ChegadeFiuFiu, #vamosjuntas, #primeiroassédio e #meuamigosecreto são alguns exemplos de campanhas que denunciavam a violência contra a mulher.

A mensagem que fica é que a tecnologia já se provou algumas vezes como ferramenta para transformação do mundo real, colaborando com o empoderamento feminino e as conquistas por uma sociedade mais justa.

Fonte: Dialogando - Campanhas no combate à violência contra mulheres Dialogando

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