Baby Boomers: “me respeitem porque eu também uso a tecnologia!”

23 de junho de 2022

Se você tem menos de 40 anos, sabe que pode ser divertido demais ver os pais e avós engajados com o Facebook e o Instagram.

É essa turma que compartilha todos os posts dos netos e deixa mensagens do tipo “esse cabelo está horrível” naquela foto que você acaba de postar jurando que iria chamar primeiro a atenção do crush.

Agora, se você tem menos de 40 anos, também sabe que introduzir a mãe e o avô no mundo digital requer, muitas vezes, paciência. O simples ato de desligar e ligar um notebook talvez precise passar por um longo processo de repetição até que a ação vire algo comum para eles.

Natural, ora! E não deveria nos surpreender o fato de que pessoas mais novas têm um nível de interesse e facilidade maior com as tendências tecnológicas, não é mesmo?

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra filho e pai sentados no sofá de uma sala. O filho, um homem já adulto, o pai, um senhor com mais de 60 anos que segura um tablet. O filho está sorrindo enquanto ensina o pai como utilizar as ferramentas do aparelho. Já o pai, com expressão de concentração olhando para a tela. Ambos têm barba, o filho está usando um jeans azul e uma camiseta cinza e o pai, um suéter verde com calça bege.

Por isso, é com o respeito que merecem os 60+ que o Dialogando te convida a conhecer como essa turma se relaciona com a tecnologia. Nascidos entre 1946 e 1964, seus integrantes mais velhos têm 76 anos hoje.

Falamos dos Baby Boomers, geração marcada pelo pós-guerra, as máquinas de escrever e as receitas anotadas no caderno engordurado sobre a mesa.

Só que muitos já não sabem mais nem onde estão esses cadernos porque uma coisa é certa: eles podem até ter levado mais tempo para se familiarizar com o mundo digital, mas agora já sabem que aquela estrelinha ao lado da notícia, receita ou produto, é capaz de “favoritar” tudo o que gostam pelas redes, para que não sejam perdidas jamais.

Baby Boomers: cada vez menos resistentes

Já falamos por aqui que as gerações Y e Z são estatisticamente as maiores consumidoras de tecnologia do mercado (clique e conheça os Ys e os Zs), e por motivos óbvios. Mas os números mostram que os Baby Boomers vêm sucumbindo cada vez mais às delícias do mundo digital.

Nos últimos anos, o percentual de pessoas com mais de 60 anos no Brasil navegando na rede mundial de computadores cresceu de 68%, em 2018, para 97%, em 2021, segundo dados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas.

O principal meio de acesso é o smartphone, citado por 84% dos entrevistados que usam a internet — um crescimento de 8 pontos percentuais em relação a 2018 —, enquanto 37% usam notebook e 36% computador desktop.

O boom de adesão dos Baby Boomers foi ainda mais acelerado ao longo do período pandêmico. Isolados da família, tiveram que vencer a falta de botões dos celulares modernos.

Quando ligar já não era mais o suficiente, muitos tiveram que se adaptar ao touch screen (tela sensível ao toque), porque smartphones tornaram-se o principal meio de contato com amigos e familiares. E o bom de tudo isso é que não faltaram momentos emocionantes, ao receber um beijo dos filhos e netos, mesmo separados por uma tela, em videochamadas.

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra um notebook sobre uma mesa, com uma criança e uma senhora em videochamada. A senhora aparece dentro da tela, com semblante emocionado por ver a garota e se conectar com ela. Ambas estendem as mãos tocando a tela. A senhora, de cabelos brancos, usa óculos de grau, uma blusa xadrez, na cor preto e branco. Enquanto a garota, aparece com uma blusa em tom mostarda.

Claro que, daí para entenderem que esses aparelhos poderiam trazer outra série de facilidades, foi rápido. Ao longo do período, o mundo business viu suas vendas aumentarem significativamente entre esse público.

De acordo com o levantamento da Kantar Ibope Media, em 2020, 85% deles utilizaram a internet para obter informações sobre produtos ou serviços antes da realização de uma compra, e 75% compraram efetivamente algo on-line.

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra uma senhora com cabelos brancos, usando uma camiseta rosa, um casaco cinza e um cola. Ela está sorridente, sentada de frente para o seu notebook que está apoiado na mesa. Com a mão direita, segura um cartão de crédito, e com a esquerda, ela efetua a compra. Ao fundo da sala uma parede rosa, com cortina e alguns quadros pendurados com moldura de madeira.

A adesão às transações via aplicativos, por exemplo, os expuseram menos ao contato com a covid-19, mas não foi só na prevenção à doença que esse time escalou, não.

Também passou a ser visto com mais presença nas redes sociais, inclusive como influenciadores. Em 2019, eram cerca de 300 acima dos 50 anos, no Brasil. Hoje, são mais de 600, segundo a consultoria Silver Makers, especializada em marketing de influência para essa faixa etária.

E a garotada que se cuide, porque os avós TikTokers vêm promovendo humor de qualidade com a conquista de fãs de todas as idades. Um baita gol para os ambientes digitais, que se tornam mais diversos e, portanto, mais interessantes e democráticos.

Baby Boomers: muito mais antenados

Manter o entretenimento e o contato com as pessoas é só uma pequena parte do que os Baby Boomers vêm buscando on-line. O estudo da CNDL com a SPC Brasil mostra que 64% do grupo têm como principal motivação manter-se informado sobre política, esportes, economia e outros assuntos, enquanto 54% utilizam a web para buscar informações sobre produtos e serviços.

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra uma senhora sorridente de cabelos grisalhos, sentada no sofá, segurando o celular na mão e deslizando o dedo sobre a tela. Ela está usando uma camiseta manga longa  rosa e o celular é branco.

Entre os produtos que costumam comprar pela internet, destacam-se os eletroeletrônicos (58%), medicamentos (49%, com aumento de 21 pontos percentuais em relação à 2018) e eletrodomésticos (47%).

Os aplicativos mais usados são as redes sociais (72%), seguidos dos apps de transporte urbano (47%), e bancários (45%).

O WhatsApp é a plataforma de relacionamento mais usada (92%). Isso é bom porque a ferramenta é instantânea e de fácil usabilidade. Mas o lado ruim é que é ela é quase sempre a porta de entrada para o consumo de notícias de todos os níveis: das reais, às falsas. Motivo que aumenta a responsabilidade dos jovens na educação digital das pessoas mais velhas.

(Entenda como somar na educação digital 60+ para protegê-los dos perigos on-line no webcast Segurança Digital e Terceira Idade).

Deu para entender que lugar de Baby Boomers é onde eles quiserem, né? Agora, falta só as empresas brasileiras quebrarem preconceitos e perceberem quão saudável pode ser contar com o grupo no dia a dia de suas operações. Mas, nessa pauta, ainda temos muito a evoluir…

Tecnologia e trabalho

Segundo estudo realizado pela Silver Makers em parceria com a Mindminers, especialista em comportamento digital, 7 em cada 10 empresas do país consideram que as pessoas mais velhas não acompanham as transformações tecnológicas.

Esse estigma precisa ser, de fato, revisto, já que a maioria dos brasileiros 60+ já vivem plenamente conectados. Ok, não passam o mesmo tempo on-line se compararmos com as gerações Y e Z, que acessam as redes praticamente o dia todo. Mas passam mais tempo nas redes de uma vez só.

Quando entram, fazem várias coisas, por horas: jogam, leem, veem vídeos e dão like em quase tudo o que passa no feed. Nada que as pessoas mais novas não façam com frequência.

Nesse cenário – e considerando que a população 60+ no Brasil saltou de 3 milhões em 1960 para 7 milhões em 1975, depois para 15 milhões em 2002 e quase 30 milhões em 2018 – vale lembrar que urge a adoção de soluções criativas no setor empresarial para aumentar a presença de Baby Boomers no quadro de colaboradores. E as vantagens de contar com o grupo no universo do trabalho são diversas.

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra uma senhora com mais de 60 anos trabalhando. Ela está sentada na sala de reuniões de um escritório, de frente para um notebook aberto e apoiado sobre a mesa. Seu olhar está atento para um documento que ela segura com a mão direita. Ela tem cabelos cacheados e grisalhos e está usando uma camisa de poá, branca e preta. O fundo da sala está desfocado, mas mostra uma estante de madeira. 

Falamos de um público que quase sempre não quer deixar de trabalhar, e isso, por si só, já os torna mais participativos e empenhados na busca por resultados. Contribuem com toda a bagagem adquirida ao longo da jornada de carreira, o que, dependendo do segmento, pode ser essencial para o sucesso do negócio.

Quase sempre tendem a ser mais empáticos e afetivos, já não pecam mais pela afobação, são mais centrados, prudentes e responsáveis. Sabem lidar com situações de tensão, sem se abalar por qualquer motivo.

Sem contar que, ambientes diversos, com pessoas que agregam repertórios de vida distintos, são absolutamente enriquecedores. Equilibram a experiência dos mais velhos com a sede de conhecimento dos mais novos, formando times mais inovadores dentro de qualquer corporação.

Perceba nos dados do estudo Getting to Equal: Creating a Culture That Drives Innovation (Chegando à Igualdade: Criando uma Cultura que Impulsiona a Inovação), promovido pela Accenture, multinacional de consultoria de gestão e tecnologia da informação:

a) A cultura de inovação é maior em empresas mais igualitárias; 

b) Colaboradores de empresas mais inclusivas não veem barreiras para inovar;

c) Colaboradores de empresas mais igualitárias têm menos medo de errar;

d) Diversidade e inclusão são mais relevantes para gerar inovação do que aumentos de salário.

Se você recruta, vale pensar que os 60+ poderão levar mais tempo para fazer todo um PPT, e esse PPT poderá ter uma proposta pouco sofisticada, no final. Mas se você buscar conhecer algumas adaptações capazes de unir a tecnologia com tudo o que eles têm a oferecer, perceberá resultados bastante positivos em curto prazo.

#PraTodosVerem: fotografia colorida mostra três amigas, já senhoras. Elas estão de pé, de frente para uma parede vermelha, em uma calçada. Cada uma segura um celular, todas navageam pelas ferramentas do aparelho. Elas estão sorrindo olhando para a tela. Suas roupas são coloridas: uma veste blusa amarela, outra veste rosa, e a terceira veste azul.

Procure uma consultoria especializada na gestão e recrutamento desse público e dê um show de responsabilidade social na era em que toda empresa moderna começa, enfim, a se preocupar com práticas humanizadas, não apenas com o próprio lucro.

E para todos que chegaram até aqui, lembrem-se que a jovialidade e toda a rapidez das fases de vida que antecedem a terceira idade, uma hora, passam.

Nesse sentido, comece a trabalhar agora pelo mundo que você quer viver lá na frente. Exija que suas marcas preferidas olhem para esse público com mais afeto no desenvolvimento de produtos e serviços que possam dar conta das limitações naturais trazidas pelo envelhecimento.

#PorUmMundoSemDistinção

Fonte: Dialogando - Baby Boomers: “me respeitem porque eu também uso a tecnologia!” Dialogando

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